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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Os Santos

Creditos: redação com Ed Rocha

Ninguém pode negar que a morte faz parte da vida humana. A partir do momento que nascemos começamos a morrer.  Diante dessa realidade que a morte ainda  é  para todos os povos  um questionamento sobre o que acontece com a pessoa depois que morre.
Deste questionamento é que surgiram diversas crenças com o intuito de encontrar uma resposta.
Para nós cristãos, acreditamos na ressurreição, e segundo Paulo “se não há ressurreição dos mortos, então Cristo não ressuscitou” (1Cor 15,13), portanto,  a crença na ressurreição para os cristãos advém da primazia de Cristo na ressurreição.
Jesus de Nazaré , homem como nós, com quem fisicamente podia se falar, escutar, tocar,  comer,  também passou pela morte, e no entanto sua presença e nossa relação com ele ainda hoje se dá porque ele está vivo, ressuscitou. 
Paulo, ao referir a Cristo como “primícia dos que morreram ”(1Cor 15,20), afirma que o mesmo destino que se deu a Jesus será o de cada um de nós, ou seja, Cristo passou pela morte e ressuscitou, portanto, vemos ai a relação com Cristo, modelo  daqueles que morreram.
O Catecismo da Igreja afirma essa relação da ressurreição de Cristo com a nossa citando  outras passagens paulinas:
Unidos pelo Batismo, os crentes já participam realmente na vida celeste de Cristo ressuscitado, mas esta vida permanece “escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,3). “Com ele nos ressuscitou e fez-nos sentar nos céus , em Cristo Jesus” (Ef 2,6). Nutridos com seu Corpo na Eucaristia, já pertencemos ao Corpo de Cristo. Quando ressuscitarmos, no ultimo dia, nós também seremos “manifestados com Ele cheios de glória” (Cl 3,3) (CAT 1003).
                Diante dessa realidade de esperança é que nós cristãos celebramos com os fiéis defuntos. Isso mesmo, não celebramos  pelos defuntos, mas com eles, assim como se celebra com Cristo e não por Cristo.
                Segundo o teólogo espanhol Andrés Torres de Queiruga, a pessoa que morreu não é apenas uma mera recordação, alguém indiferente diante de nós, mas vai além, pois como Cristo que  a partir de  sua presença em Deus, é presença transfigurada[1].  Assim como acontece com Jesus na ressurreição  que possui caráter transcendente, no qual não é acessível aos nossos sentidos, a nossa relação com os fiéis defuntos acontece de modo igual.
                Veja o que diz o Catecismo:

“Uma vez que todos os crentes formam um só corpo, o bem de uns é comunicado aos outros”... Assim, é preciso crer que existe uma comunhão dos bens da Igreja. Mas o membro da Igreja mais importante é Cristo, por ser cabeça... Assim, o bem de Cristo é comunicado a todos os membros, e essa comunicação se faz por meio dos sacramentos da Igreja. Como esta Igreja governada por um só Espírito, todos os bens que ela recebeu se tornam necessariamente um fundo comum. (CAT 947)

                Nisso nós vemos que a comunhão dos santos, não só rompe as barreiras da morte, mas também supera os limites da história, e que a partir de Deus toda a história humana é abarcada por Ele, seja nessa realidade, seja na eternidade.

                 E os Santos?
                Temos que entender que os santos não nos amam mais do que Deus, pois Ele por amor sempre vem em nosso socorro, e outra coisa, Deus nunca precisa ser convencido, portanto, um santo ou uma santa é alguém que, no seguimento de Jesus, repetiu seu destino último, ou seja, ressuscitou.
          Mas é fato que nossa relação com os santos não é algo artificial, pois podemos nos sentir acompanhados pelo seu amor, pois em Cristo estão unidos a nós, e é nesse amor que rezamos juntos com eles, nos tornamos uma só comunhão e como eles já anteciparam a realidade da ressurreição nos servem como inspiração.
             O que não podemos deixar de salientar é que os fiéis  defuntos que conhecemos diferem dos  santos dos altares   pelo reconhecimento  público de seu exemplo de vida, portanto, o que vale para eles vale para todos os outros, levando em consideração apenas a singularidade de vida vivida por cada um.
                Portanto, celebrar  Todos os Santos é celebrar todos aqueles que hoje vivem definitivamente  e plenamente em Cristo.
               
               Paz e bem!

               Ed Rocha



[1] TORRES QUEIRUGA, Andrés. Repensar a  Ressurreição: a diferença cristã na continuidade das religiões e da cultura. 2ª Ed. São Paulo: Paulinas, 2010. (coleção repensar)

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