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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Compaixão ou Religião

Creditos: redação com Ed Rocha

 A pouco tempo vimos veicular na mídia uma pesquisa feita na Universidade da Califórnia , em Berkeley, que pessoas que não possuem religião ou são menos religiosas, quando fazem um ato de caridade são movidas pela compaixão, coisa que acontece menos com religiosos pois, estes são movidos menos pela emoção e mais pela doutrina.
(http://noticias.uol.com.br/ciencia/ultimas-noticias/redacao/2012/05/01/ateus-ou-agnosticos-tendem-a-agir-mais-por-compaixao-do-que-os-mais-religiosos-diz-estudo.htm#comentarios)
Eu não tive acesso a pesquisa, na qual foi publicada na revista Social Psychological and Personality Science, mas de qualquer forma quero chamar a atenção pelo má interpretação que muitas pessoas tiveram com relação a religiosidade e compaixão.
A má interpretação dessa pesquisa pode ocasionar um distanciamento da dimensão religiosa que faz parte da integralidade de um indivíduo. Esta realidade  faz  com que muitas pessoas ao olhar o comportamento negativo de alguns religiosos associem à Religião como mero instrumento de compensação para os atos de bondade.
Não podemos negar a existência dessa realidade em uma boa parte daqueles que possuem uma religião, mas é necessário entender que a compaixão não depende da religião, mas  do processo de desenvolvimento de um indivíduo.
Como assim?
Dentro do processo do desenvolvimento humano há um crescimento pelo menos de três maneiras distintas. Uma delas é um crescimento que independe de qualquer ação pessoal, este crescimento está ligado as dimensões físicas e fisiológicas da vida, também crescemos a partir de nossos esforços pessoais entrelaçada com as disposições genéticas e  interações com ambiente físico. Mas o crescimento no sentido mais amplo na vida de um ser humano se dá pelo resultado da interação entre o que somos e as nossas relações com as outras pessoas.
É a partir da convivência com o próximo que encontramos o modo de viver mais satisfatoriamente produzindo bem-estar e alegria. E também vale lembrar que somos responsáveis por parte do desenvolvimento das pessoas, e quando nos deparamos  de modo desinteressado com aquele que sofre, seja pela exclusão, marginalidade, dependência química, pobreza, doença, etc..., agimos com compaixão. Compaixão é sentir em si mesmo o sofrimento do outro e a partir daí sair de nós  para ajudá-lo crescer.
Como teólogo não posso deixar de citar a parábola do Bom Samaritano (Lc 10, 29-37) para entendermos que realmente compaixão não está vinculado a religião até porque nessa parábola Jesus está se dirigindo há um mestre da lei, ou seja, alguém com um profundo conhecimento de sua Lei religiosa.
Para Jesus, engana-se quem acredita alcançar a plenitude da vida somente pela prática minuciosa dos mandamentos, mas é o amor, a misericórdia, a compaixão que torna um homem pleno. Essa plenitude pode ser alcançada aqui mesmo, não necessariamente na vida eterna, ou seja, devemos viver a plenitude do amor aqui mesmo para que ao transpassar a realidade eterna apenas sejamos confirmados em Cristo por meio da ressurreição.
Na parábola citada o que move o samaritano é o amor e por isso ao ajudar aquele homem caído no caminho não leva em consideração as rixas entre judeus e samaritanos e  nem qualquer tipo de recompensa  mas simplesmente  alguém necessitado de sua ajuda.
Podemos concluir que essa pesquisa realizada na Universidade de Berkeley não trás novidade alguma, pois a compaixão está atrelada ao relacionamento humano e por isso agregar uma questão meritória à compaixão é fruto de uma incompreensão da dimensão religiosa e integralizante do ser humano.
Quando cada indivíduo no seu processo de desenvolvimento entende quem é o próximo, terá na religião um instrumento de relação com a realidade transcendente  que acontece  pela relação com o próximo.
É o amor que nos faz caminhar para a plenitude humana, não podemos esquecer que o eixo fundamental de cada religião é o amor e não simplesmente uma recompensa da vida após a morte.


 Paz e Bem!

Ed Rocha

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